Cinco anos haviam se passado,
desde aquele dia, em que nos vimos pela última vez. Foi um dos melhores e, ao
mesmo tempo, um dos piores dias da minha vida. Foi o dia da nossa formatura, e
o mesmo dia em que deixei tudo para trás. Demorei um bom tempo para me adaptar
ao novo país, nova cultura e novos amores. E justamente, quando eu acreditei
que tinha superado, percebi que teria de voltar para o Brasil.
Meus
pais vieram primeiro, pois eu ainda precisava aguardar umas documentações da
faculdade e resolver algumas pendências por aqui. De fato, o que eu queria
mesmo era retardar a minha volta, não que eu não estivesse com saudades de
tudo, da minha casa, dos meus amigos, do clima, da comida. Mas, simplesmente, porque a única
coisa que vinha a minha mente era você. Como ficariam as coisas entre nós
agora?
Quando
aterrissei em solo brasileiro senti-me em casa, novamente. Meus pais haviam me
dito que me pegariam no aeroporto, então busquei minha bagagem e comecei a
procurá-los. Contudo, numa súbita surpresa, foi com outro rosto que
meus olhos se depararam. Não tive certeza se, realmente, era você. O rosto era
conhecido, um pouco mudado pelo tempo, uma barba por fazer, mas o mesmo olhar
profundo, que se dissipou num brilho, quando me viu e sorriu. Sim, era você!
Os meus
olhos lacrimejaram, senti um nó se formando em minha garganta. Minhas pernas
perderam o senso gravitacional e estremeceram. Mal conseguia me mover, e você
continuou, ali, sorrindo, e caminhando em minha direção. Eu não conseguia
pensar em nada, apenas sorria, para disfarçar meu, evidente, nervosismo.
Mas
foi apenas quando ficamos frente a frente, que fui envolvida pelo seu abraço,
aconchegante, quente, forte, protetor. O mundo poderia acabar naquele instante,
que eu nem perceberia. Como fui capaz de viver tanto tempo longe desse abraço,
longe de você? Agora sim, pela primeira vez em cinco anos, eu me sentia em
casa. Eu estava no lugar de onde nunca deveria ter saído, em seus braços. Nesse
momento, eu só conseguia pensar em uma coisa: Eu quero você aqui comigo! Como eu
sempre quis, a minha vida toda, e como sempre irei querer, mesmo não sendo
capaz de admitir isso, nem para mim mesma.
Bloínques - 6ª EdiçãoMusical
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