sábado, 31 de julho de 2010

Odeio


Odeio te amar tanto assim.
Odeio pensar só em você, e esquecer de mim.
Odeio deixar meu orgulho de lado.
Odeio viver sem ter você ao meu lado.
Odeio seu sorriso bobo que me deixa sem chão.
Odeio o calafrio que sinto, quando toco sua mão.
Odeio aquele seu olhar que me faz corar.
Odeio simplesmente, não conseguir te odiar.
Odeio, odeio, odeio ter você como meu ar.
Odeio se você me faz sorrir, quando o que quero é chorar.
Odeio tudo em você.
Pois tudo em você me faz te amar.

Pauta:
OPEP - Edição In Colors

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Descoberta

Corri quatro quarteirões o mais rápido que pude. Minha respiração estava ofegante quando cheguei em frente aquela casa branca de portas e janelas azuis. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver aquele jardim, nunca havia reparado como era belo. Parei bem em frente ao portão, queria gritar por seu nome. Não podia deixar você ir embora daquele jeito. Durante todo o tempo que nos conhecíamos nunca havíamos brigado, nem sequer discutido. Você sempre foi como um irmão pra mim. Sempre me ajudando com tudo.
Sempre conversamos sobre tudo, nunca tivemos segredos um com o outro, ou, pelo menos eu achava que não tínhamos. Mas depois da manhã de hoje tudo mudou. É claro que eu estava triste, afinal, meu melhor amigo estava de mudança para o Canadá, e não tinha previsão para voltar, e eu nem conseguiria me imaginar pegando um avião para ir te visitar. Até aí tudo bem... Já estava há algum tempo me preparando psicologicamente para este momento. Mas quando você me disse todas aquelas coisas perdi meu chão. Por que você esperou até o dia de hoje para me dizer como realmente se sentia em relação a mim?
O pior não foi você me dizer que sempre me amou e que vai continuar a me amar, mesmo estando longe. O pior foi você me fazer perceber o quanto eu te amo, quando nem mesmo eu tinha idéia. Por isso fiquei tão surtada, e disse aquelas coisas. Preciso me desculpar com você, preciso dizer o que realmente sinto. O choro cai quente sobre meu rosto, não há mais ninguém na casa, cheguei tarde.
Ouvi um barulho na porta dos fundos, e uma voz. Ah, essa voz eu reconheceria em qualquer lugar, corri pra lá, e meus olhos encontraram o seus. Você estava no telefone, e deixou ele cair ao chão. Olhou pra mim com uma amargura que eu não estava acostumada a ver em sua face, e ríspidamente me perguntou:
_ O que quer aqui?
_ Antes de você partir, preciso te revelar uma coisa muito importante.
_ Acho que já revelamos muitas coisas importantes hoje, não acredito que aja mais alguma coisa a ser dita, Amanda.
_ Não faz assim, eu realmente preciso me explicar, eu sei que não devia ter dito aquelas coisas, mas é que eu fiquei tão atordoada com tudo. Você estava certo, eu só estava escondendo tudo o que eu sentia, e consegui esconder bem até hoje. Mas agora não dá mais. Eu realmente amo você. Me perdoa._ Baixei meu olhos até encontrar o chã._ Espero que você possa encontrar alguém que lhe dê todo o valor que você merece, e todo o amor que eu não fui capaz de dar a você._ Terminei de falar essas palavras, já com a face úmida pelas lágrimas que escorriam sem esforço, e sem controle. Ele nada falou, nenhuma expressão havia em seu rosto. Vire-me de costas e saí correndo, em direção ao Lago Less, onde sempre nos encontrávamos nas tardes depois da aula. Após alguns instantes, senti passos fortes e rápidos atrás de mim, mas nem consegui virar para ver quem era. Até que esses passos chegaram mais perto, e eu ouvi aquela voz dizendo meu nome. Parei. Senti seus braços me envolvendo, e me virando para si. Nos abraçamos num abraço forte, e quente. Não conseguia balbuciar nenhuma só palavra, mas as palavras não eram necessárias ali.
Você segurou meu rosto em suas mãos, e me beijou. Naquele instante, só conseguia sentir o mundo girar ao meu redor. Um calor subiu dentro de mim, e me fez desejar ficar ali com você para sempre. Meu mundo parou naquele instante. Nada mais fazia sentido, nada mais importava, se você não estivesse comigo.



Pauta:
Bloínquês - Edição Conto / História

domingo, 25 de julho de 2010

With or without you

O meu maior erro foi acreditar em meu coração e permitir que ele tomasse as decisões por mim. Quando te conheci, você não passava de apenas mais um rosto na multidão. Não posso dizer que meu coração bateu mais forte, ou que suspirei quando meu olhar cruzou pela primeira vez com o seu. Pois, sei bem, que nada de diferente aconteceu dentro de mim.
No entanto, bastou um único dia, que passei em sua companhia, para mudar tudo o que eu sentia. Achei que não era nada de mais, mas as coisas foram ficando cada vez mais intensas, e houve uma revolução de sentimentos dentro de mim. Você invadiu, completamente, meus pensamentos, meus sonhos, meu coração...
Em pouco mais de um mês, estava perdidamente apaixonada. Como é possível se apaixonar assim, tão rápido??? Parece muito arriscado e perigoso...
Mas meu coração bobo nem se importava. Acreditava em tudo que queria. Pensou que agora tinha achado a razão das coisas, o motivo da felicidade. Coitado. Mal sabia que o pior ainda estava por vir.No auge da minha alegria, você vem e me diz que precisamos conversar. Meu coração quase pára. E então vem a bomba.
_ Vou ficar aqui só mais esta semana. Meu contrato acabou, e eu preciso voltar pra minha cidade. Vou pensar muito em você, vou sentir a sua falta. Queria poder ficar, mas tenho que ir embora. Sinto muito.
Naquela noite nem consegui dormir, o choro foi minha única companhia. A semana passou e passei o maior tempo possível em sua companhia, mas foi em vão, pois pensei que assim, quando você fosse, seria mais fácil suportar sua falta. Me enganei... quanto mais eu tinha você, mais eu queria ter você aqui comigo.
Os meses foram passando, nós mantínhamos contato via e-mail, msn, mensagem, mas nada preenchia o vazio que você deixou. Eu tentei não deixar transparecer, muito, a falta que você me fazia, a saudade que eu sentia, mas de nada adiantou, pois ainda sim, eu continuava vazia, sem motivação. Prometi pra mim mesma, que iria superar isso, iria parar de te mandar mensagens, ia te bloquear em meu msn, só o tempo necessário para eu reaprender a viver sem você. Porém, não consegui, era mais forte do que eu. Você tirou a minha sensatez. Agora eu sei que, eu nunca vou achar ninguém para te substituir. Acho que vou ter de superar isso dessa vez, e de uma vez por todas. Preciso parar de pensar em você, preciso deixar de amar você.
Me decidi: daqui pra frente tudo vai ser diferente... Vou pensar mais em mim, vou sair com minhas amigas e me abrir a novos relacionamentos, sei que isso não vai me fazer esquecer você, mas pelo menos vai me ajudar a tentar, e vai fazer com que eu me sinta viva novamente, pois quando você se foi levou meu coração com você, e com isso minha vida inteira. Mas agora é tempo de deixar o que passou pra trás e juntar o que ainda sobrou de mim e recomeçar de onde eu parei.



Pautas:
Blorkutando
OPEP
Bloínquês - Ed. Musical





sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cotidiano

Sabe aquele dia em que você acorda com a sensação de que devia continuar deitada, no conforto de sua cama e na segurança, absoluta de seu quarto? Então, para mim, hoje foi um desses dias...
Acordei, com esse sentimento estranho, e não era só minha preguiça costumeira, minha inimiga de plantão, mas parecia que as forças do universo, estavam me suplicando que não saísse de minha cama. Desafiando a todos os sinais, levantei. Olhei no relógio: atrasada! Saí correndo.
Chegando no meu trabalho tinha uma dúzia de pilhas de planilhas para analisar, na terceira, já estava com uma enxaqueca lascada. Em algum lugar do escritório, havia um idiota que não se cansava de fazer “tic-tac” com a caneta, outra estava há horas no telefone, falando futilidades, e rindo alto. E sem contar naquele som de telefones tocando, incessantemente. Tudo isso seria muito mais do que o normal, se não fosse o fato, de eu estar de TPM, aquela enxaqueca ter me pegado de jeito, e ainda a mensagem de meu chefe me pedindo para acabar as planilhas até às 16 horas.
Corri contra o tempo, minha irritação, e, é claro, minha cólica infernal e enxaqueca insuportável. Mas no prazo estipulado, eu havia concluído toda aquela pilha de trabalho. Fui até a sala de meu chefe, e após ele conferir tudo, pediu para eu passar no RH. Estranhei. Quando cheguei lá, a Pri, minha melhor amiga, me olhou arregalada e disse que havia um memorando pra mim, nem acreditei.
Ali mesmo, comecei a gritar com ela, como ela pode fazer aquilo comigo. Eu estava sendo dispensada, ela nem pra me alertar e me avisar. E o que mais me irritava era ela se desculpando: “Eu sinto muito, não podia fazer nada. Me desculpe.”. Aquelas palavras pra mim, não faziam nenhum sentido, não tinham nenhum valor. Saí dali, arrumei minhas coisas. A esta altura, todo mundo já supunha o que tinha acontecido, eu estava chorando, sem saber se era de raiva, de dor, de ódio, de tristeza, não importava. Nem esperei dar 18 horas e saí.
Eu acho que as pessoas mereciam uma certa dignidade quando são demitidas. E não um simples memorando, agradecendo serviços prestados, e dizendo que fora uma excelente profissional, e que o motivo era de corte de despesas. E blá, blá, blá, blá,blá, blá...
Para completar o dia, mais que perfeito, a chuva que caía, aquela garoa bem paulistana, acabou com a escova de meu cabelo, levei um esguicho de água de um ônibus que acabará de passar, e o celular de meu namorado, aquele que deveria me dar um certo apoio neste momento, só caia na caixa.
Cheguei em casa acabada, encharcada, irritada, menstruada, desempregada e pior, descabelada. Quando entrei pela sala, toda minha família e alguns amigos estavam reunidos. Será que era uma festa? Para celebrar o meu fracasso? Sim, era uma festa. E, pelo pouco que compreendi, minha irmã caçula recebeu uma bolsa de estudos em Cabridge de 2 anos e seu namorado acabara de lhe pedir a mão. Não, meu dia não poderia terminar melhor.
Com o maior sorriso amarelo cumprimentei a todos, subi as escadas a passos duplos, entrei em meu quarto, e me debulhei em lágrimas. Por que, pra mim tudo dá errado? Como posso ser uma fracassada? Após alguns instantes, meu pai entrou em meu quarto e me perguntou o que havia acontecido. Resumidamente, contei-lhe sobre meu dia e como eu me sentia uma fracassada.
Eu estava muito irritada, me sentindo muito mal, e queria descontar toda minha frustração em alguém. E já fui logo dizendo.
_ Eu sei que você vai me dizer: “Eu avisei, você não quis me escutar...”
Mas meu pai, sabiamente, abraçou-me com seu abraço mais singelo. Colocou-me em seu colo, como fazia quando eu era criança e me disse:
_ Eu odeio te ver chorar, portanto, acabe com suas lágrimas e escute, minha filha querida. Você sabe que amo vocês duas muito. Mas que sempre tive por ti um carinho especial. Você não é como sua irmã ou sua mãe, sempre foi mais teimosa, assim como eu, mas tem um caminho brilhante para traçar. Não se fruste, por não ter o trabalho dos sonhos, ou qualquer coisa que todos tenham, você foi feita para ter mais, para ser melhor, pelo simples fato de que você é única, especial e corajosa, muito corajosa. Nunca deixe que os desafios da vida desanimem você, e façam você parar de sonhar e lutar por seus sonhos.
Ele falou muitas outras coisas, mas nestas simples palavras, percebi, que todos tem dias ruis, alguns não são tão péssimos assim como o meu, mas que eu deveria ver naquilo uma oportunidade de seguir meu sonho.
Então, meu pai saiu, tomei um super banho, comemorei com minha família, meu namorado e amigos, e ao me deitar, deixei minha mente livre para que eu pudesse sonhar novos sonhos, traçar novas metas, e encontrar meu novo eu. Afinal, que mulher não precisa de um drama em sua vida, de vez em quando, para redescobri a alegria de viver?

Pauta:
Bloínquês – Edição Musical
OPEP


Desabafo

É tão bom ouvir sua voz me dizendo que vai voltar, que sente minha falta. Já não aguento mais esta distância. Por que as coisas sempre tem que ser difíceis, quando se trata de amor? Eu gostaria que tudo fosse mais simples... Sinto tanto a sua falta. Sabe, todos aqui sentem a sua falta também. Sua mãe, fala de ti o tempo todo para todas aquelas amigas dela que vivem aqui em casa. Até meu pai, que esses dias, precisava de ajuda com um programa no computador e eu não conseguia explicar pra ele, ele disse: “Só o Junior pra conseguir fazer esse velho entender essas coisas de tecnologia...”. Imagine só...
Ah, você nem sabe, quando chegar, não se assuste com a porta do seu quarto, ela está toda mordida e arranhada, sua mãe disse que ia mandar trocar antes de você voltar, mas meu pai pediu para que ela deixasse você ver o que o Ralf fez com a sua porta. Ele arranhou toda ela, acho que ele pensa que você está lá dentro se escondendo dele. Viu todos aqui sentem muito a sua falta. Mas ninguém tanto quanto eu.
Esses dias li uma coisa e me lembrei de você, era algo que falava mais ou menos assim: “O melhor sentimento do mundo é aquele que você tem, quando você descobre que a pessoa que você gosta, também gosta de você”. Mas de que adianta, eu gostar de você e saber que você gosta de mim, se nunca poderemos viver este amor? Prometi pra mim mesma que não iria falar sobre isso por carta com você, mas não consigo. Fomos amigos desde sempre, e nossos pais também, mas desde que sua mãe se divorciou e meu pai ficou viúvo, você sempre foi como um irmão pra mim. Sempre me ajudou no colégio, tanto nas matérias quanto com aquelas meninas que sempre queriam me provocar, mas por que, justamente quando descobri que estava apaixonada por você e que o que sentíamos um pelo outro era bem mais do que simples afeto de irmãos, nossos pais descobriram um pelo outro o mesmo tipo de sentimento? Ah, isso é tão injusto Junior. Talvez se nós não tivéssemos demorado tanto pra descobrir este amor, talvez estivéssemos mais felizes, você não teria ido embora, e eu não me sentiria tão sozinha. Mas provavelmente, nossos pais não estariam nada bem.
Mas uma coisa é certa, viver nesta casa, sem você, é uma tortura, tudo, absolutamente, tudo, lembra você. Por outro lado, viver em qualquer lugar do mundo, sem ter você, é um tormento. Pois eu tenho você dentro de mim, dentro do meu coração, dentro dos meus pensamentos. E eu sei que daqui, ninguém conseguirá lhe tirar.
Queria poder te ligar, mas você sabe que teria que tratá-lo como meu irmão. Queria poder te abraçar e beijar, mas bem sabe que não posso. Então, espero, ansiosamente que retorne, para pelo menos poder matar a saudade de ouvir a sua voz, de ver o seu sorriso, e ter a sua simples presença, alegrando meu viver, que anda bem sombrio e cinzento, como os meses do inverno.

Da sua “quase” irmã, que te ama Bia.






Pauta:
In verbis 6ª Edição
Bloínques - Edição de cartas
Onde as palavras se sobrepõem