sexta-feira, 16 de julho de 2010

Desabafo

É tão bom ouvir sua voz me dizendo que vai voltar, que sente minha falta. Já não aguento mais esta distância. Por que as coisas sempre tem que ser difíceis, quando se trata de amor? Eu gostaria que tudo fosse mais simples... Sinto tanto a sua falta. Sabe, todos aqui sentem a sua falta também. Sua mãe, fala de ti o tempo todo para todas aquelas amigas dela que vivem aqui em casa. Até meu pai, que esses dias, precisava de ajuda com um programa no computador e eu não conseguia explicar pra ele, ele disse: “Só o Junior pra conseguir fazer esse velho entender essas coisas de tecnologia...”. Imagine só...
Ah, você nem sabe, quando chegar, não se assuste com a porta do seu quarto, ela está toda mordida e arranhada, sua mãe disse que ia mandar trocar antes de você voltar, mas meu pai pediu para que ela deixasse você ver o que o Ralf fez com a sua porta. Ele arranhou toda ela, acho que ele pensa que você está lá dentro se escondendo dele. Viu todos aqui sentem muito a sua falta. Mas ninguém tanto quanto eu.
Esses dias li uma coisa e me lembrei de você, era algo que falava mais ou menos assim: “O melhor sentimento do mundo é aquele que você tem, quando você descobre que a pessoa que você gosta, também gosta de você”. Mas de que adianta, eu gostar de você e saber que você gosta de mim, se nunca poderemos viver este amor? Prometi pra mim mesma que não iria falar sobre isso por carta com você, mas não consigo. Fomos amigos desde sempre, e nossos pais também, mas desde que sua mãe se divorciou e meu pai ficou viúvo, você sempre foi como um irmão pra mim. Sempre me ajudou no colégio, tanto nas matérias quanto com aquelas meninas que sempre queriam me provocar, mas por que, justamente quando descobri que estava apaixonada por você e que o que sentíamos um pelo outro era bem mais do que simples afeto de irmãos, nossos pais descobriram um pelo outro o mesmo tipo de sentimento? Ah, isso é tão injusto Junior. Talvez se nós não tivéssemos demorado tanto pra descobrir este amor, talvez estivéssemos mais felizes, você não teria ido embora, e eu não me sentiria tão sozinha. Mas provavelmente, nossos pais não estariam nada bem.
Mas uma coisa é certa, viver nesta casa, sem você, é uma tortura, tudo, absolutamente, tudo, lembra você. Por outro lado, viver em qualquer lugar do mundo, sem ter você, é um tormento. Pois eu tenho você dentro de mim, dentro do meu coração, dentro dos meus pensamentos. E eu sei que daqui, ninguém conseguirá lhe tirar.
Queria poder te ligar, mas você sabe que teria que tratá-lo como meu irmão. Queria poder te abraçar e beijar, mas bem sabe que não posso. Então, espero, ansiosamente que retorne, para pelo menos poder matar a saudade de ouvir a sua voz, de ver o seu sorriso, e ter a sua simples presença, alegrando meu viver, que anda bem sombrio e cinzento, como os meses do inverno.

Da sua “quase” irmã, que te ama Bia.






Pauta:
In verbis 6ª Edição
Bloínques - Edição de cartas
Onde as palavras se sobrepõem

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