domingo, 17 de outubro de 2010

Down

[Trilha sonora]

Ilha Grande, 17 de Outubro de 2010.

Alex,

Sei que hoje em dia não se usa mais escrever cartas, mas sinto que se não escrever, tudo o que que me atormenta, vou explodir. Não consigo mais conter as lágrimas, que rolam destemidas sobre minha face. Sei que não foi culpa sua, nem de ninguém, foi, simplesmente, inevitável.

Desde que você se foi, tenho tentado ser eu mesma, tenho tentado “levar a vida numa boa”, como se diz por aí. Mas devo confessar, que não tem sido nada fácil. A melhor hora do dia, pra mim, é aquela em que todos dormem, e eu me tranco em meu quarto e faço do meu travesseio meu consolo. É a hora em que posso chorar sem ter que dar a ninguém explicações.

Ontem mesmo, enquanto estava lembrando todas as coisas que fazíamos juntos, todas as coisas que você em dizia, inclusive aquelas que você dizia, somente para me irritar, me bateu uma imensa saudade. E, quando dei por mim, minhas lágrimas rolavam e eu não conseguia contê-las. Me perdoe, mas eu menti, quando disse que ia ficar tudo bem. Nada está bem, eu não estou bem, as coisas não vão bem. Sinto como se não conseguisse mais respirar sem você aqui comigo. Sinto como se nada mais importasse. Não consigo conviver com essa perda, mas a vida é assim não é?

Ah, como eu queria voltar atrás e desfazer o monte de bobeiras que fiz, de não desperdiçar o nosso tempo com a minha insegurança, com meu orgulho, poderíamos ter vivido mais, poderíamos ter nos amado mais, e eu teria feito da sua vida um pouco mais feliz. Mas por que só nos arrependemos das coisas depois que não conseguimos consertá-las?

Mas agradeço, mesmo assim, pelo pouco tempo em que tive você na minha vida. Pelo tempo que eu deixei você me amar. Pelo tempo em que você me fez feliz, da maneira que, tenho a certeza, ninguém, jamais conseguirá...

Lembro-me daquele dia, em que você passou mal e foi levado ao hospital, quando a Jú me ligou e me disse o que tinha acontecido, minhas pernas tremeram e quase desmaiei, e quando cheguei lá, você disse que iria ficar tudo bem. Eu queria acreditar em você, mas não conseguia, pois já fazia algum tempo que eu tinha percebido que você não era mais o mesmo, que algo estava errado, mas você não queria me dizer. Sei que fez aquilo para me proteger, mas, você deveria ter me contado sobre o câncer. Pois, quando descobri, naquele dia, quase não pude acreditar, e muito menos suportar aquela terrível dor.

Aqueles dez meses seguintes, foram vividos com muita angustia, é verdade, mas também com muito carinho, muito amor. Muito mais amor do que as pessoas podem imaginar. Talvez, muito mais do que muitas delas possa sentir em suas vidas inteiras.

Agora você se foi pra algum lugar onde não posso te trazer de volta, vim aqui, nesta praia, bem aqui, no lugar onde nos conhecemos, no lugar onde você me pediu em casamento, para lhe escrever esta carta, pois quero apenas lhe dizer obrigada por ter se casado comigo, ter se tornado meu esposo, mesmo que por, apenas,sete meses,. Saiba, que meu amor por você se torna cada dia maior, e que para a nossa surpresa, carrego em meu ventre o fruto de nosso amor. Um serzinho que sempre me lembrará de ti, que sempre me lembrará do seu amor mim, e de meu amor por ti. Sei que agora só me resta continuar com a certeza de que nos encontraremos.

Te amo pra sempre, pra toda a eternidade.

Da sempre sua, Sara.



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