Bem, quando conheci você, também não foi “amor à primeira vista”, muito pelo contrário, quando vi sua face pela primeira vez, até lhe cumprimentei, por educação, mas você tinha uma expressão fria, e quase assustadora, sempre de testa franzida e cenho fechado. Não achei nem que pudéssemos, ou que viéssemos, ser amigos. Geralmente não me enturmo com os mal-humorados, gosto de pessoas alegres, e que mostrem esta alegria, mas de qualquer forma senti algo, como um choque, ou uma faísca, que me prendeu a você. Mas é claro, ignorei isto. Enfim, em algum ponto de toda esta história, eu me envolvi, demais, me apaixonei, completamente, e sofri, intensamente, após a sua partida. Mas isso já era de se esperar, levando em conta toda a minha vida amorosa. Acho que não nasci pra ser feliz, e sim para sofrer, por isso, percebi que o melhor a fazer é, simplesmente, não amar.
Sabe, outro dia eu estava conversando com uma amiga minha e ela estava me perguntando por que eu tinha estas duas compulsões: ler e escrever. Ela queria saber por que, de quando em quando, eu leio livros com uma rapidez tremenda, tipo um por dia, sete por semana, e assim por diante, e quando não estou lendo, no meu tempo vago, estou escrevendo alguma coisa, mas não de forma normal, e sim, totalmente compulsiva e descontrolada (fico sem comer, beber água, entrar na net, alheia a tudo e a todos), e eu, meio sem saber o que responder, enrolei com uma desculpa qualquer, pois sou muito boa nisto, e ela se convenceu. No entanto, esta semana, mais precisamente na quarta-feira passada, eu comecei (e terminei) um livro que já fazia alguns meses que eu tinha comprado. Seu título: “Sem clima para o amor” de Rachel Gibson, bom, o título era bem convidativo, dado a minha atual situação, e o enredo, muito interessante. No entanto, quando eu estava lendo descobri o porquê destas minhas compulsões.
O livro conta a história de Clare, uma garota que encontra seu noivo com outra, ou melhor, outro, e entra em choque. Logo mais ela reencontra um amigo de infância, totalmente lindo e sedutor, e tenta com todas as suas forças lutar contra um sentimento que começava a aparecer. Ela é uma escritora de romances e, logo após, terminar uma parte de um novo livro que estava escrevendo que falava sobre amor, ela faz uma autorreflexão sobre si. E no livro tem algo mais ou menos assim: “Como posso escrever tantas coisas sobre a beleza do amor se minha vida amorosa é um lixo, passo horas escrevendo para não encarar minha própria realidade.” [não é isso que está escrito lá, estou sem o livro para transcrever exatamente, mas em suma quer dizer algo semelhante], quando eu li esta parte, parecia eu mesma havia escrito aquilo, pois é exatamente assim que me sinto, quando leio ou escrevo sobre algo. Quero fugir da minha realidade, uma onde você não está aqui comigo, uma realidade solitária, onde ainda é madrugada e eu estou aqui ouvindo uma seleção de músicas da Leona Lewis [deprimente], às 2:07 da manhã, tentando parar de pensar em você, de querer você, com medo de ir dormir, e ao fechar meus olhos você invada meus sonhos me perturbando ainda mais. Mas sei que esta é minha realidade, por isso acho que vou ler outro livro amanhã, para pensar menos em você e tentar superar isto tudo logo. Ah.. se alguém que estiver lendo isto, tiver indicações de bons livros, é só me avisar, porque, vou realmente precisar.